Princesa Maria Gabriela de Saboia em Portugal

Princesa Maria Gabriela de Saboia escolheu São Miguel para festejar o Seu aniversário e mostra-se encantada com os Açores

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A Princesa Maria Gabriela de Saboia aproveitou o período de Carnaval para passar umas miniférias em São Miguel e festejar o aniversário na Ilha, transformando o que sempre foi um sonho em realidade.
“Apanhei um avião em Genebra, fiz escala em Lisboa, e apanhei um outro avião para Ponta Delgada. Foi fantástico”, garantiu a princesa, que confessou que visitar os Açores sempre fora um desejo de longa data, que só agora se concretizou. “Conheço a Madeira e uma boa parte de Portugal de Norte a Sul, até porque vivi neste país de 1946 a 1957. Visitar os Açores era um sonho que tinha. E como fazia anos hoje [segunda-feira de Carnaval] decidi que era uma boa oportunidade. São poucos dias, mas fiquei com uma ideia de como são os Açores. Gostei muito do que vi e visitei muitas igrejas que me encantaram. A ilha é muito bonita”, disse.
Mas o que mais agradou Maria Gabriela de Saboia foi a hospitalidade dos naturais da Ilha. “São pessoas fantásticas”, admitiu, garantindo que encontrou S. Miguel com um grau de desenvolvimento muito superior ao que imaginava: “Ponta Delgada é uma cidade muito desenvolvida, foi uma boa surpresa”.
Nascida em 1940, filha de Humberto II, último rei de Itália, e de Maria José da Bélgica, cuja avó era Maria José de Bragança, faz questão de referir: “temos sangue português”.
A Princesa conhece bem a língua de Camões, ainda que tal não se deva à ascendência portuguesa. Com a queda da monarquia em Itália, a família foi exilada em Portugal, e fixou-se em Cascais, destino comum de muitas outras famílias reais. O regresso a Itália só aconteceu mais de uma década após a Segunda Guerra Mundial, mas foi na Suíça que a família se instalou permanentemente e onde a princesa vive ainda hoje. Atualmente, dirige uma Fundação da sua autoria e à qual atribuiu o nome do Pai, com o consentimento da família. O objetivo primordial da Fundação é o de preservar a história e o legado da Casa de Saboia.

Maria Gabriela de Saboia sublinha que continua a frequentar o país Natal, principalmente Torino, cidade onde faz “várias exposições”.
Nesta curta estada, a bisneta de Maria José de Bragança, acompanhada de José de Mello, José Tomás de Mello Breyner e de Augusto Athayde (Conde de Albuquerque), foi recebida em audiência de cumprimentos pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro. Pela tarde, no Palácio José de Canto, plantou simbolicamente um freixo, uma espécie de árvore característica do Arquipélago dos Açores. Maria Gabriela de Saboia defende a União Europeia como sendo “uma boa ideia para unir os países do Norte e do Sul” e comentou a saída do Reino Unido da União Europeia: “o governo britânico não manifestou nenhum interesse em ficar, mas os outros países só têm a ganhar, unidos. A família da minha mãe é belga [filha do Rei Alberto] e lá dizem que «A união faz a força». É assim que vejo a União Europeia”, remata.
Com várias alterações no mapa político europeu, a monarquia continua a ter o seu espaço, conforme defende Maria Gabriela de Saboia. Para a Princesa, a forma de governo em causa “funciona bem nos países do Norte da Europa, porque é representativa e não tem poderes, mas em países com dificuldades a monarquia é muito discutível”, conclui.

Baile Veneziano no Palácio Marquês de Fronteira

As portas do Palácio Fronteira abriram-se no passado dia 22 de Fevereiro para receber uma das mais glamourosas festas do ano.

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Veneza e as suas famosas máscaras foi o tema escolhido pela produtora UpMusic Talents e pela Casa Inspirafuror by António Coelho para mais um dos seus exclusivos eventos.

 

As magnificas salas do palácio seiscentista encheram-se de convidados elegantemente mascarados para juntos desfrutarem de um soberbo cocktail de boas vindas animado pelo violinista Nuno Flores, seguido de um jantar espetáculo musical ao som dos Jazzway de Luisa Mirpuri, terminando com um divertido baile no Terraço do Palácio

 

Grammys 2020: os looks e a noite de Billie Eilish

Grammys 2020: os looks e a noite de Billie Eilish

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A 26º Gala dos Grammys, o principal prémio referente à música, decorreu no dia 26 de janeiro em Los Angeles, Estados Unidos da América, e teve uma vencedora histórica a jogar em casa: Billie Eilish. A cantora saiu da cerimónia com seis prémios, tornando-se na mais jovem artista de sempre a vencer nas cinco principais categorias dos galardões americanos: Artista Revelação, Álbum do Ano, Canção do Ano, Gravação do Ano e Melhor Álbum de Pop Vocal. Não se pode dizer que tenha sido um desfecho surpreendente, já que a cantora de apenas 18 anos, era a grande favorita. Outro facto curioso é que o irmão, Finneas O’Connell, venceu na categoria de Melhor Produtor do Ano, em parte, derivado ao trabalho que desenvolveu com a irmã.

Repleta das principais figuras da música mundial, a passadeira foi, como sempre, um dos destaques da noite, onde os artistas brilharam na cidade das estrelas, com outfits variados, dos mais clássicos, como o de Ariana Grande, aos mais exuberantes, como o de Billie Eilish. Uma mistura de contrastes entre as duas estrelas da Pop, também musicalmente, tendo em conta que Eilish e Grande estiveram em competição direta, com Ariana a ser uma das grandes derrotadas da noite. Quanto aos looks masculinos, John Legend e Dj Kahled destacaram-se pelos visuais formais e elegantes, enquanto o cantor Usher se distinguiu pelas roupas informais e desportivas, com o toque vibrante de um casaco de padrões arrojados.

As performances da noite ficaram a cargo de Sheila E. FKA Twigs e Usher, que homenagearam Prince, Camilla Cabello, Billie Eilish, Ariana Grande e os veteranos Aerosmith, que trouxeram o rock para o Staples Center. A cerimónia ficou ainda marcada pela notícia dramática da morte de Kobe Bryant, o jogador de basquetebol que, curiosamente, foi a grande estrela daquele pavilhão durante 20 anos. O acontecimento mereceu um momento de silêncio, seguido das palavras de Alicia Keys e de um aplauso das todas as gerações da plateia.

 

Vencedores

Álbum do ano

“When we all fall asleep, where do we go?” (Billie Eilish)

“I, I” (Bon Iver)
“Norman f***ing Rockwell!” (Lana Del Rey)
“I used to know her” (H.E.R.)
“7” (Lil Nas X)
“Cuz I love you” (Lizzo)
“Father of the bride” (Vampire Weekend)

Gravação do ano

 “Bad guy” (Billie Eilish)

“Hey, ma” (Bon Iver)
“7 Rings” (Ariana Grande)
“Hard place” (H.E.R.)
“Talk” (Khalid)
“Old town road” (Lil Nas X e Billy Ray Cyrus)
“Truth hurts” (Lizzo)
“Sunflower” (Post Malone e Swae Lee)

Canção do ano

“Bad guy” (Billie Eilish)

“Always remember us this way” (Lady Gaga)
“Bring my flowers now” (Tanya Tucker)
“Hard place” (H.E.R.)
“Lover” (Taylor Swift)
“Norman f***ing Rockwell!” (Lana Del Rey)
“Someone you loved” (Lewis Capaldi)
“Truth hurts” (Lizzo)

Revelação

Billie Eilish

Black Pumas
Lil Nas X
Lizzo
Maggie Rogers
Rosalía
Tank and the Bangas
Yola

Melhor performance solo pop

“Truth hurts” (Lizzo)

Melhor performance pop em duo/grupo

“Old town road” (Lil Nas X e Billy Ray Cyrus)

Melhor álbum pop vocal tradicional

“Look now” (Elvis Costello & The Imposters)

Melhor álbum pop vocal

“When we all fall asleep, where do we go?” (Billie Eilish)

Melhor gravação dance

“Got to keep on” (The Chemical Brothers)

Melhor álbum dance/eletrônico

“No geography” (The Chemical Brothers)

Melhor álbum instrumental contemporâneo

“Mettavolution” (Rodrigo Y Gabriela)

Melhor performance rock

“This land” (Gary Clark Jr.)

Melhor performance metal

“7empest” (Tool)

Melhor canção rock

“This land” (Gary Clark Jr.)

Melhor álbum rock

“Social cues” (Cage the Elephant)

Melhor álbum de música alternativa

“Father of the bride” (Vampire Weekend)

Melhor performance r&b

“Come home” (Anderson. Paak com André 3000)

Melhor canção r&b

“Say so” (PJ Morton com JoJo)

Melhor álbum urbano contemporâneo

“Cuz I love you” (Lizzo)

Melhor álbum r&b

“Ventura” (Anderson. Paak)

Melhor álbum rap

“IGOR” (Tyler, The Creator)

Gastronomia da Moda

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O hotel TRYP Lisboa Aeroporto foi palco da Gastronomiada Moda – 20 Anos Depois, um evento onde alguns dos mais conceituados estilistas e modelos nacionais apresentaram as suas melhores coleções gastronómicas. Paulo Sassetti, mentor desta ação revelou-nos “é a realização de um sonho. Decidi assinalar a data com a reunião destas pessoas que fizeram parte do meu percurso profissional e pessoal num acontecimento semelhante ao anterior, onde podemos perguntar: 20 anos depois… o que mudou?”.

Nuno Gama Maria Gambina, Miguel Vieira , Pedro Miguel Ramos e José Agualuza, foram as figuras que tiveram a oportunidade de voltar a participar neste desafio gastronómico e confecionar as suas receitas na cozinha do TRYP Lisboa Aeroporto. João Rolo, Ana Salazar, Afonso GASTRONOMIA Paulo Sassetti revive evento gastronómico Vilela (Vencedor do Masterchef), Storytailors e Fernando Nunes (Estilista da Lion of Porches e Decénio) juntaram-se a esta aventura e apresentaram pratos da sua autoria que, juntamente com as receitas enviadas por Fátima Lopes,; José António Tenente, Anabela Baldaque; Gio Rodrigues; Katty Xiomara ; Nayma Mingas e Ana Borges originaram um menu onde a criatividade, o sabor e o glamour se uniram como se de um desfile de moda se tratasse.

A ação culminou num Sunset Dinner Party na unidade hoteleira que contou, com a presença de Maria da Luz de Bragança, Lili Caneças, Claudia Jacques, José Carlos Pereira, Maria José Galvão e Humberto Leal, Helena Ribeiro, João Libério, Marina Cruz, Isabel Nogueira, entre outros amigos, que se deliciaram com os pratos confecionados pelos internacionais estilistas. Um fim de tarde e um serão excelente que todos divertiu e agradou!

Laskasas Exclusive – A morada do requinte, luxo e bom gosto

Acabada de inaugurar, a Laskasas Exclusive estabeleceu-se na Rua Castilho.

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Desde a localização à escolha de materiais, tudo foi pensado para dar a um cliente de eleição tudo o que precisa para uma casa de sonho, com o bom gosto e apaixonante criatividade de uma equipa experiente e dedicada na decoração de excelência e não só. Considerada internacionalmente uma das cidades mais bonitas do mundo, Lisboa é também actualmente uma das mais procuradas para visitar e até viver.

Cidade das sete colinas acolhe quem procura um ambiente cosmopolita, com o movimento constante da vida que lhe enche as ruas. Viva e apaixonante ganha mais valor quando quem nela mora, ou passa a morar, partilha de espírito de exclusividade para o seu lar.

Berço de uma história inigualável, Portugal, bem situado geograficamente, neste cantinho de sonho, a oeste da Europa, ganhou nos últimos anos uma projecção mundial, cada vez maior.

É um orgulho ver marcas de grande qualidade nacional e internacional apostar na nossa capital e não só, para abrir lojas que são “templos” onde a qualidade e o requinte se fazem sentir, desde o primeiro encontro, e são “pedra de toque” na eleição, que granjeia a recém inaugurada Laskasas Exclusive .

Mais que uma loja “à porta fechada” onde os clientes são atendidos individualmente e por marcação prévia, o conceito de exclusividade existe, marcando a diferença desde as escolhas ao atendimento, feito por designers de interiores profissionais, que são consultores e cujo know-how é direccionado sobre a escolha certa para cada situação, para cada casa, para cada espaço, que pode inclusive ser arquitectonicamente mudado! É você quem decide! E a sua casa será entregue e pronta by “Laskasas Exclusive”, tal como desejou e sonhou… e com “chave na mão”. Mas nada acontece por acaso, tudo tem uma história que fez acontecer, dando forma e vida ao expoente do ADN de exclusividade Laskasas.

Nascido em Paredes, há 42 anos, Celso Lascasas herdou da família, de pai nortenho e avô espanhol, o gosto pela profissão de marcenaria. E ele conta: “No princípio era uma fábrica de móveis personalizados mas pequena, numa zona do país, que apostava e aposta forte no mobiliário de design”. Empenhado em fazer crescer o negócio que desde pequeno o atrai, foi há 14 anos atrás que Celso abriu a sua primeira loja Laskasas. Assume que o negócio foi crescendo ao longo dos anos “sempre com um cunho muito especial, que foi felizmente ganhado adeptos e clientes.” E hoje já são 11 lojas, abertas ao público, desde Portugal a Angola. Um verdadeiro sucesso empresarial, onde o bom gosto impera.

Agora, chegou a altura de” subir ainda mais a fasquia”, com este espaço exclusivo, dirigido a um cliente “de topo” que se constata ser no carácter internacional da procura com 40% portugueses para 60% de estrangeiros. Rapidamente nos apercebemos que cada vez mais os turistas querem conhecer Portugal, e que decidem por cá ficar com casa posta. No número 15 da Rua Castilho, o bom gosto impera e descobre-se uma invisível mais valia. A da mão-de-obra portuguesa da melhor qualidade, uma mais valia especializada, no fabrico dos móveis, estofos e metalurgia. E é um sucesso, pois tal como Celso Lascasas confirma, tudo é visto quase à lupa: “…

Com uma equipa de projecção 3D, capaz de projectos incrivelmente realistas. É sempre a nossa proposta, o bom gosto acompanhado pela capacidade técnica que permite pré-visualizar ao pormenor a sua próxima decoração”. E na realidade ali é fácil constatar que nada é deixado ao acaso. E, mais uma vez, é o nosso anfitrião que explica: “São os melhores materiais escolhidos para o nosso cliente num atendimento ímpar em excelência, pelos melhores profissionais, que dão realidades aos sonhos de quem nos procura…” E assim fiquei, e ficamos todos nós, a conhecer as bases da exclusividade que dá nome a este novo conceito perfeito “Laskasas Exclusive”. Quanto à importância de saber, bem, escolher a decoração para o espaço onde vai morar, é ainda dito por quem nasceu para servir esta nobre causa:“…é parte integrante no futuro da sua vida. Nada merece ser mais exclusivo e único que a sua casa”.

laskasas.com

Entrevista a Paula Bobone sobre “Domesticália” – Na Eles&Elas 301

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Por José Mattos e Silva

J.M.S. – Como é que surgiu esta necessidade ou
interesse de fazer este livro?

P.B. – Este livro que se chama “Domesticália” é para os empregados que se reconhecem nos patrões. Eu nunca posso dizer ou perceber como certas coisas me acontecem. Ninguém tem bem noção. Se eu às vezes olhar para trás, e já me aconteceu tanta coisa ao longo da vida, tanta coisa e tão variada, tão curiosa e imprevisível, que eu diria que para já há o destino que manda em nós e que está a trabalhar para nós. E, depois, a conjuntura das situações que à nossa volta nos leva a fazer coisas que não estávamos à espera. Não vou falar agora porque é que comecei a escrever livros e com o sucesso que foi reconhecido por muita gente, porque no fundo em 17 anos escrevi 12 livros e continuam a aparecer razões para escrever. Na minha carreira profissional, na sequência dum curso de Germânicas que tirei nos anos 60, nunca desempenhei a minha função nessa área. A minha carreira profissional foi toda desenvolvida no Ministério da Cultura e, nesse período, há 30 anos, o que efetivamente a burocracia me obrigava a fazer porque a cultura que é uma atividade tão importante porque tem aquela dimensão dumas pessoas que são bonitas e que cheiram bem. A cultura por si tem sensibilidade, é assética na vida. Não tem a ver com outros aspetos. Eu fiz uma carreira que me permitiu ver o que se fazia com a cultura em Portugal e posso dizer que não gostei muito porque desenvolvi uma cultura não muito profunda. Sempre com os olhos postos na cultura, sempre esmagada com a burocracia, comecei a escrever livros numa linha que gosto muito e este livro, que agora surge, vem nessa linha com uma certa coerência.

J.M.S. – Durante algum tempo escreveste para relembrar algumas formas de estar em sociedade o que, no fundo, tinha mais a ver com os patrões do que com os criados. Agora estás a fazer algo que consiste em atuar sobre um nível mais abaixo na escala social. Será que consideras que os patrões não têm as bases para formar o seu pessoal doméstico e para não serem os patrões a sentirem-se desconfortáveis nessa formação de protocolo, seres tu a ensinares o pessoal doméstico?

P.B. – Quando aparece a palavra protocolo eu aceito-a mas acho-a um pouco “rafiné”, um pouco pretensiosa. São aspetos de boa educação e essa boa educação aplica-se a empregados e a patrões. E essa bifurcação leva-nos exatamente para o conteúdo que se chama Domesticália porque é um nome criativo. O comportamento das pessoas numa casa, sejam patrões ou empregados, tem de se basear na boa educação. Todavia há um “teatro” doméstico em que o papel que representam os patrões é diferente do papel que representam os empregados. A dimensão humana é a mesma mas financeiramente a discrepância é total porque uns ganham muito e os outros vivem com grandes dificuldades, embora vão sobrevivendo. São pessoas que, para mim, têm uma dimensão humana. Não há dúvida que as regras que dou sobre este comportamento têm a sua origem desde o tempo dos escravos e, depois, dos criados que eram pessoas que eram criadas em casa dos ricos e que, por isso, viviam bem. Acabo por concluir que a sua dimensão é a mesma mas socialmente são vistos de outra maneira. A avaliação profissional é discriminatória. O papel que nós representamos, numa casa, é como o dos atores num palco. Eles representam um papel de uma coisa ou de outra. Há muitas personagens que se podem representar num palco. Nós somos meros atores. É evidente que as regras de comportamento dos empregados domésticos têm semelhanças com as regras dos patrões que vemos nos livros de protocolo. Neste caso do presente livro vemos listagens dos comportamentos dos empregados domésticos, daquilo que têm que cumprir para serem considerados eficientes no seu posto de trabalho, não só pelos patrões mas pelo ambiente social que os vai envolver. Antigamente havia toda uma hierarquia que hoje mudou muito, porque efetivamente há muitas pessoas que têm apenas empregadas à hora, as denominadas “mulheres a dias”, embora estas continuem a ser pessoal doméstico. Fazem parte do pessoal doméstico não especializado. No I.N.E. e no Ministério do Trabalho vem a a sua designação como “pessoal não qualificado”. Nunca houve uma escola para empregados domésticos e, por isso, é que surgiu a oportunidade de escrever este livro. Foi porque fui convidada, por uma empresa, para dar formação sobre esta temática. E de tal maneira o fiz com gosto e com entusiasmo que os meus apontamentos se tornaram na base deste livro.

J.M.S. – Lembro-me que há alguns anos estava num casamento onde estavam vários “chauffeurs”, nomeadamente o do meu avô, e aproximei-me da zona onde eles se encontravam e ouvi as suas conversas e de facto o que eles debatiam era: “eu sou motorista do presidente do conselho de administração da empresa A, eu sou motorista do presidente da B, etc.” e andavam a comparar-se, não em função do que eles eram, propriamente, mas de quem eram os seus patrões. Tens essa sensação?

P.B. – Tenho. É uma espécie de sentido de classe. Não há livros sobre isso, sobre essas histórias. Há uma medição de forças, mas isso é humano. Quando eu digo que eles são atores e representam o que lhes dizem na sua formação, quando vem o patrão eles recuam, olham para baixo.  Embora eles sejam tão próximos da família, eles são da família. Às vezes eles não podem representar esse papel. Mas essa matéria é mais para sociólogos e psicólogos. Não é para mim, mas eu ao abordá-la estou a levantar um problema de alguma pertinência e, sobretudo, isso confirma e completa um facto surreal que é esta ser a profissão com mais sucesso e mais procura no mundo inteiro. Eu vim agora do Mónaco onde tenho uma boa relação com uma russa que faz essa função com o apoio do Príncipe do Mónaco, numa Academia que dá formação a empregados de pessoas de altíssimo estatuto financeiro. O que eu quero é ser útil aos empregados. Os patrões se lerem o meu livro não perderão o seu tempo porque eu coloco lá as “artes da mesa” e as “artes de receber”. Saber receber é de facto uma questão de boa educação. Eu falo do protocolo da mesa, do protocolo social. Nada mais vale desenvolver porque o livro é útil, é curioso. Eu não vou abandonar este assunto. Já estou com propostas para trabalhos de desenvolvimento, enfim estou satisfeita e sobretudo tenho imensa consideração pela revista Eles & Elas, da nossa amiga Maria da Luz de Bragança, que me deu esta oportunidade e, para mais, pela mão de uma pessoa que eu tenho a certeza que me vai captar e até, se calhar, estar de acordo comigo.

J.M.S. – Eu costumava alugar, no Verão, um casa no Algarve que, regra geral, era a mesma, na zona da Prainha. Procurava fazer o aluguer no princípio do ano, quando tinha uma perspetiva de quando poderia ter férias. Eu tinha uma governanta, que me conhecia desde pequeno, que me acompanhava, e à minha família, nas citadas férias algarvias. Houve um ano, contudo, em que me atrasei no aluguer e não consegui obter a casa habitual, mas apenas outra de qualidade bastante inferior. Ao fim de uns dias nessa casa a minha governanta virou-se para mim e disse- -me “Menino Zé, fica já sabendo que eu não volto a uma casa com este baixo nível”. Ou seja, ela era mais “snob” do que eu em relação à casa. Como interpretas isto?

P.B. – Isso é de facto curioso e faz-me pensar num fator que é absolutamente verdade. Passou-se o mesmo com amigos meus do Norte do País que iam para o Algarve e, por vezes, ficavam em casas que eram péssimas. Acho curioso ouvir esta menção da governanta, a qual marcava a diferença de todas as casas onde tinha estado ou trabalhado. Não sei se é nos anos 60 ou 70 quando houve o grande surto de emigração, houve um certo abandono de regiões mais interiores do nosso país. Muito do nosso património urbano arquitetónico foi muito mal tratado. O português não tem o culto do património. Mas trabalha bem. Os portugueses quando trabalham na vida doméstica são lindamente bem recebidos porque trabalham com mais responsabilidade lá fora do que cá dentro. E eu tenho essa experiência por conviver com pessoas em França, no Mónaco e, também, noutros países, onde o pessoal doméstico português tem imenso crédito.

J.M.S. – Houve uma certa rutura nas relações sociais ao nível de empregador e empregado depois do 25 de Abril de 1974. Notas que os 40 e tal anos que, entretanto, já passaram “amoleceram” essas relações e que hoje, em dia, já há algum regresso às relações anteriores ao 25 de Abril ou notas que ainda há alguma clivagem, alguma dificuldade de aproximação, entre empregadores e empregados?

P.B. – Não. Nunca senti isso. Não há estatísticas. Eu estava em Angola nessa altura e, quando regressei a Portugal, o meu patamar de vida, os meus contactos com os empregados da família mantiveram-se. Não houve reações inesperadas.

J.M.S. – O 25 de Abril teve mais influência nas empresas do que, propriamente, na parte doméstica?

P.B. – Sim. Na indústria e no comércio. Os empregados domésticos vivem nas nossas casas. Pode haver ódio e até pode haver crimes e maus tratos mas, basicamente, à boa maneira portuguesa há uma certa ternura no relacionamento. Uma casa com empregados marca a diferença e revela a cultura e o respeito mútuo entre patrões e empregados. Também há outra área, a hotelaria, mas hoje em dia as escolas de hotelaria são para aqueles que vão para exercer a profissão em hotéis e restaurantes. A origem do conhecimento e da formação deles é nas casas e nas vidas domésticas de séculos e séculos atrás. Os primeiros hotéis aconteceram no período dos Jogos Olímpicos. Mas a hotelaria tem um historial que vai absorver muito ao bom comportamento dos palácios das grandes famílias e dos palácios reais de toda a Europa. França e Inglaterra sempre foram muito importantes, nessa formação. É uma história fascinante. Não é uma profissão que eu gostasse de ter, porque não queria.

J.M.S. – Falaste nas relações entre patrões e empregados. Havia, sobretudo nas famílias mais tradicionais, uma grande cultura de lidar com o pessoal doméstico (eu ainda conheci criadas dos meus bisavós paternos) e, portanto, havia essa proximidade. Entretanto, é sabido que o dinheiro mudou de mãos. Essas famílias mais tradicionais já não são tão empregadoras como eram no passado. Surgiu uma nova elite, financeiramente muito mais capaz mas, eventualmente, com muito menos bases educacionais. Notas essa falta de cultura de proximidade com os empregados? No fundo, é aquele velho ditado: “não sirvas a quem serviu…”. Até que ponto é que essa situação interfere nessas relações de proximidade? Tens alguma experiência neste domínio?

P.B. – Foste levantar uma questão que é justamente essa, o “não sirvas a quem serviu…”. Tem um cunho de mau gosto porque tem o pressuposto que servir a quem serviu levanta, de volta, reações que os deitam abaixo. Eu não quero pensar dessa maneira. Eu não quero levar a coisa por esse lado porque sempre houve gente agressiva. Não vou avaliar os bons e os maus patrões. Um empregado recebe um ordenado, pelo que é um funcionário como outro qualquer. Ele tem que descontar para a Segurança Social, pode queixar-se no tribunal, pode ganhar no tribunal e a relação pode ser passiva ou pode ser superagressiva. Portanto, os adjetivos têm outras “nuances”, mas é muito interessante e eu gostei muito de falar contigo porque levantaste problemas que merecem ser pensados e é bom que fiquem aqui registados para que alguém, que leia esta entrevista, tenha capacidade de estudar melhor esses assuntos.

Leia o Artigo completo na Eles&Elas 301 – Nas Bancas

Fátima Lopes 25 Anos de Carreira – na Eles&Elas nº 301

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Olhando para a carreira de um quarto de século da conceituada estilista Fátima Lopes e do percurso nacional, e internacional que a fez chegar ao cimo do pódio, tenho mesmo de tomar consciência da “corrida” contra, e a favor do amigo tempo. Por isso “deponho armas”…

E só o posso festejar. E brindo por esta menina mulher, a madeirense sonhadora, que na luta pelo que quer realizar, e onde quer chegar, tem quase aquele mesmo instinto da vencedora, que no passado teve Brites de Almeida, a lendária padeira de Aljubarrota.

São mulheres de garra. Se esmiuçarmos bem na História de Portugal, percebemos que Brites de Almeida do passado, e esta histórica Fátima Lopes do presente, embora uma seja dada como feia, e esta seja bem bonita, penso que têm traços comuns, na combatividade com o que na vida querem alcançar.

Leia toda a noticia na Eles&Elas nº 301 – Nas bancas

Ao lado de um grande Ele está sempre uma grande Ela

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Vim aqui tentar rebater a ancestral ideia que ainda hoje em dia nos tenta convencer que “por detrás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”. Foi-me dada essa oportunidade e agora estou com intenções de não parar até conseguir provar que essa ideia está errada, e que na verdade o que acontece ou deveria acontecer para que a vida de casal, familiar e social funcione em pleno, seria antes a ideia que é ao lado de um grande homem que deverá estar uma grande mulher. A sociedade portuguesa encontra-se estendida entre dois polos, um ainda muito tradicional e outro já demasiadamente vanguardista, que neste aspeto em particular, ora por um lado ainda coloca a mulher em posição de inferioridade ou submissão perante o homem, ora por outro lado a mulher tenta colocar-se adiante do homem. Nem um cenário nem o outro me parecem corretos, pois quebram a cooperação e dispersam energias, quando  é certo e sabido, que partes diferentes se complementam, e quando juntas formam o motor que tudo faz operacionalizar,  tanto assim é, que se repararem bem, a criação do homem assenta nesse princípio da complementaridade entre macho e fêmea, sem conferir maior ou menor importância a uma das partes, qual relação tomada/ficha que permite a passagem da energia necessária ao funcionamento dos equipamentos elétricos, ou qual relação chave/fechadura que permite abrir portas. Qual dos dois lados tem mais importância que o outro?!  Permitam-me pois, neste espaço, tentar rebater essas ideias que ainda proliferam em abundância na nossa sociedade e que me parecem nefastas por promoverem a desigualdade de géneros.

Pedro Ferreira