La Vie (Presque) en Rose

31st December 1960: Parisian popular singer Edith Piaf (1915 - 1963), performing at the Olympia, Paris. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

Faz um século que Edith Piaf chegou ao mundo, no número 72 da Rua de Belleville, segundo reza a lenda que ela mesma alimentou, ou no hospital Thenôn de Paris, como prova a sua certidão de nascimento.

Seja qual for o ponto exato onde veio a nascer, não há duvida que 19 de Dezembro de 1915 marcou o inicio da biografia da enorme cantora que tinha um corpo pequeno apenas 1,47m: Édith Giovanna Gassion
Mais tarde chegar-lhe-ia o apelido artístico de “Piaf”, que em gíria francesa significa Pardal.

Filha de um acrobata e de uma cantora de origem italiana, nos seus 47 anos de vida estiveram mergulhador pela miséria e necessidade mesmo nos gloriosos dias quando toda a França e o mundo se emocionavam ao som de “La Vie en Rose”,“Non, Je ne regrette rien” e de “Sous le Ciel de Paris”.
Na sua infância Edith passou pela miséria, a doença e os prostíbulos que a sua avó administrava, e os circos ambulantes onde o pai trabalhava, que foram quem a criaram quando se ausentou a sua mãe.

Aos 14 anos trocou o ambiente familiar pelos cabarés do Pigalle e embora adolescente, deu à luz a sua única filha, Marcelle, que morreu com uma meningite com dois anos e meio.

O seu primeiro sucesso veio quando ela tinha 20 anos, graças a Louis Leplée, que a batizou como “La Môme Piaf” (A Menina Pardal) e a ajudou a gravar o seu primeiro disco. Mas o bizarro assassinato do seu mentor novamente a empurrou para os abismos da miséria.
Veio depois a conhecer duas das pessoas que mais marcariam a sua vida artística e pessoal desta diva da “Chanson Fraçaise”: O compositor Raymond Asso, seu novo mentor e amante, e a pianista Marguerite Monnot, que a acompanharia durante toda a sua carreira.
Finalmente saboreou o êxito que parecia fugir-lhe, logo após a segunda guerra mundial, surge como símbolo da resistência Francesa ante a vergonhosa guerra que acabara de acontecer.

Em 1946 gravou “La Vie en Rose”, provavelmente a maior cancão da sua vida e recentemente a banda sonora que serviu para muitas das homenagens que se tem feitos às vítimas dos atentados terroristas de 13 de Novembro em Paris.
Uma canção Parisiense cantada numa voz que resiste ao passar “dos anos, das décadas e sobretudo das fronteiras” elucida Efe Robert Belleret, autor da biografia de Piaf – Un Mythe Français.

Mas a tragédia parecia não largar Piaf, anos depois conheceria em Nova Iorque o boxista Marcel Cerdán, pelo qual se apaixonou loucamente e que veio a falecia um ano depois num desatre aéreo. A ele ela escreveu “Hymne à L’Amour”. Convertida em estrela internacional nos anos cinquenta, casou-se com o cantor Jacques Pills e teve ainda um relacionamento intenso com Charles Aznavour e Georges Moustaki, e foi ao seu lado que, em 1958, sofreu outro grave acidente, que causou-se um traumatismo craniano e a debilitou de vez a sua saúde. Nas suas tentativas de retorno aos palcos, teve sucessivos episódios de desmaios, sendo hospitalizada diversas vezes, entretanto multiplicavam-se os tratamentos para desintoxicação para a fazer livrar-se do vício da morfina.

O seu pequeno e delicado corpo, maltratado por uma vida de excessos e necessidades, começaram a ser visíveis e ante a gravidade os médicos prescreveram-na para deixar os palcos corria o ano de 1960.
Mas Piaf preferia morrer a deixar de cantar, e sabia que ela morreria se deixasse de cantar, que seria quase o mesmo, em 1961 deu um concerto histórico para trazer da ruina o lendário Olympia Theatre em Paris.

Diante dos olhos amigos de Alain Delon, Louis Armstrong, Paul Newman, George Brassens, Duke Ellington ou Jean-Paul Belmondo, Piaf estreou “Je ne regrette rien” (Não me arrependo de nada), emocionando um auditório com um canto hedonista encharcado em álcool, paixões e ópio.
Pouco depois casa com o cantor Théo Sarapo, vinte anos mais jovem, e em 10 de Outubro de 1963 viria a morrer na sua cas de campo na localidade de Grasse.

O Seu corpo foi transladado em segredo para Paris, e de seguida se anunciou que havia morrido segundo os seus últimos desejos. Ladeada por meio milhão de fãs, o seu caixão atravessou Paris ate ao cemitério de Père-Lachaise.
Não muito longe do seu túmulo, no mesmo bairro de Paris, onde ela nasceu, existe agora uma pequena praça com o seu nome, onde está uma estátua de bronze com os braços estendidos para o ceu que ela trabalhou tao duramente por conquistar.

Um seculo depois do seu nascimento, na praça com o seu nome, perto da sua estátua costumam sentar-se agora alguns mendigos a partilhar o vinho e a escassez que tanto acompanharam Piaf ao longo da vida.

Piaf também se destacou como atriz de cinema e teatro participando em vários filmes e peças de teatro. Entre as quais protagonizou French CanCan, Étoile Sans Lumière e La Garçonne. Nos últimos anos da sua vida escreveu a sua autobiografia “Au Bal Du Chance”.

Deixe um comentário