Alain Delon, o galã de voz de anjo

Alain Delon, o galã de voz de anjo

Este slideshow necessita de JavaScript.

Alain Delon nasceu na pequena comuna de Sceaux, próxima de Paris, a 8 de novembro de 1935 (sete anos antes da invasão de França por parte da Alemanha Nazi). Os primeiros anos de vida foram conturbados. Primeiro com o divórcio dos pais, depois com a trágica morte do casal que o educou. O reencontro do jovem Alain com a mãe, Edith, que, entretanto, casara novamente, aconteceu anos mais tarde, mas não impediu a infância problemática, caracterizada por um comportamento errático, que levou a que fosse expulso de inúmeras escolas e que deixasse de estudar com apenas 15 anos.

Sem rumo certo, alistou-se na Marinha aos 17 anos. O cadete Delon partiu para a Indochina para ajudar a defender esta parte do império colonial francês no Oriente.

De volta a França, depois de concluída a sua passagem pela Marinha em 1956, Alain Delon mudou-se com os seus parcos haveres para a grande cidade de Paris. Numa das mais efervescentes capitais culturais da Europa, que aos poucos voltava a ganhar o brilho dos anos anteriores à guerra, dividiu-se por múltiplos trabalhos. Foi porteiro, garçom e vendedor.

Na “cidade das luzes” foi vizinho da cantora Dalida, com quem teve um relacionamento fugaz que acabou por se tornar numa sólida amizade. Foram as mulheres que conheceu neste período que o incentivaram a seguir uma carreira como ator, mas foi graças a um convite feito por Jean-Claude Brialy, membro da nouvelle vague, que fez a viagem que ia mudar a sua vida. Pela primeira vez, de muitas, pisou a passadeira vermelha do mítico Festival de Cinema de Cannes. Com uma beleza estonteante, Alain Delon fez furor em Cannes e recebeu um convite do realizador e produtor americano David O. Selznick, que o considerou uma estrela em ascensão. Mudou-se para os Estados Unidos, onde aprendeu a falar inglês.

De volta a Paris, e com o objetivo de se transformar na grande próxima estrela do cinema francês, Delon começou uma carreira de sucesso. Estreou-se com o filme “Uma tal Condessa”, de 1957, onde dava vida a um assassino a soldo de pontaria afinada e olhar penetrante. Estas características foram as impulsionadoras de uma popularidade em crescendo, só comparada com a de outra estrela francesa bem conhecida, Brigitte Bardot.

No ano seguinte, o galã francês contracenou com Romy Schneider em “Christine” e a química no grande ecrã passou para a vida real. Durante cinco anos, formaram um casal apaixonante que fazia as alegrias da imprensa e dos fãs. Neste período, o conhecido ator protagonizou “Plein Soleil”, película baseada no livro “The Talented Mr. Ripley”. Os penetrantes olhos cinzentos de Delon, na altura com 25 anos, fizeram com que se tornasse no assassino mais sedutor do cinema europeu.

Durante 51 anos de carreira, Alain Delon protagonizou inúmeros sucessos e construiu parcerias bem proveitosas, como a que teve Luchino Visconti. Foi sob a lente do realizador italiano que alcançou o ouro em Cannes e uma indicação ao Globo de Ouro com “O Leopardo”, filme onde o galã, com ar de durão, cimentou o lugar como um dos mais proeminentes atores europeus. O charme exibido no grande ecrã, acompanhado de uma aura de mistério que se adensava com a recusa de representar papéis em inglês, fez com que fosse considerado um sex symbol dos anos 60 e 70 do século XX.

Mas aquele que é considerado um dos homens mais bonitos de França, sempre quis ser visto para além do seu físico. Ator talentoso, também fez sucesso no mundo da música. Foi ao lado de Dalida que demonstrou os seus dotes vocais no tema “Paroles, Paroles”, um sucesso nas tabelas musicais em 1973.

Alain Delon também protagonizou inúmeras campanhas publicitárias, emprestando cara e nome a marcas de roupa, perfumes, óculos e cigarros. Mesmo tendo abandonado o cinema na década de 90, continua a ser um dos nomes mais reconhecidos e admirados da sétima arte francesa. Aliás, durante cerca de 30 anos, foi o ator mais bem pago do seu país.

Homem de vários amores, e de alguns escândalos, durante o período em que esteve casado com Nathalie Delon, sua primeira mulher, foi associado ao homicídio de um dos guarda-costas do casal. Na altura, a imprensa escreveu muito sobre este caso e as investigações policiais pareciam apontar para o envolvimento de Delon, mas também de outras personalidades da época, como o presidente francês Georges Pompidou. À época, várias figuras foram interrogadas pela polícia, mas as autoridades nunca conseguiram terminar a investigação, que conheceu várias teses. Esta morte, nunca deslindada, continua a ser um dos mitos urbanos que envolve o nome do galã. Em 2018 viu o seu nome novamente manchado, desta vez por alegados maus-tratos à mãe dos seus dois filhos mais velhos. Alain negou veementemente as acusações de que foi alvo e não temeu admitir que pensou em suicidar-se após a separação de Nathalie Delon.

Em Cannes, quando recebeu a Palma de Ouro Honorária das mãos da filha Anouchka que, tal como o pai, é atriz, a lenda francesa relembrou com lágrimas nos olhos, uma carreira repleta de sucessos. Meses mais tarde, Delon sofreu um AVC do qual se encontra a recuperar. Figura incontornável do cinema europeu, e um dos franceses mais reconhecidos no mundo, Alain Delon vive atualmente na Suíça, junto da família.

 

Deixe um comentário