A minha mais recente viagem a Mónaco, donde regressei há dias, fez-me recordar momentos lúdicos da minha vida, como os Bailes de Verão da Princesa Caterina Colonna di Stigliano, sempre patrocinados por SAS o Príncipe Alberto II, em sítios maravilhosos como o Beach Club, o Sporting Club e o Hotel de Paris. Mais de mil convidados de todas as partes do mundo, durante muitos anos, reuniam-se no Verão em fabulosos momentos de agradabilíssimo convívio em ambientes estéticos, não só pela sua beleza, mas principalmente pela dimensão histórica. Assim foi para mim e para o meu marido Vasco Bobone, um privilégio recordar a forte ligação histórica dos seus antepassados com este Principado. Efectivamente a família Bobone, com a sua origem italiana, ao vir para Portugal em funções diplomáticas, como embaixadores do Reino do Piemonte e Sardenha, no tempo do Rei Vittorio Emanuele II e do Rei D. Luis I de Portugal.
Mais tarde, nessa tradição diplomática, surgiu também a representação de Mónaco em Lisboa e a família teve essa honra durante 110 anos, até aos anos 2000. Nessa altura, a distinta família Polignac de Barros, parente da família dos Príncipes, pela lado paterno do Príncipe Rainier, pai do actual Príncipe Alberto II, mereceu a distinção de continuar o processo diplomático, sendo o actual embaixador em Portugal, Henrique Polignac de Barros. A história deste pequeno Principado europeu, situado no sul de França, é muito antiga, remontando a gentes do passado que dominaram durante séculos, sempre com boas relações com França e Itália, seus países vizinhos. Desde 1297 que Mónaco se identifica com a família Grimaldi. Com efeito François Grimaldi, e seus partidários, disfarçados de monges para se introduzir facilmente na fortaleza, conquistaram o local. Por este facto o brasão de Mónaco é ladeado de dois frades com espada. (Aliás Mónaco quer dizer “monge” em italiano). A beleza natural deste Principado é extraordinária e a respectiva herança patrimonial proporciona uma viagem no tempo para os visitantes do Palácio do Príncipe e das tradicionais mansões de grandes famílias. O museu de automóveis mostra a colecção particular do Príncipe, com carros desde 1904 até aos anos 60 do século XX. O gosto pelos automóveis remete também para a famosa prova anual do Raly de Monte Carlo.
A tradição de automóveis de luxo causa o maior impacto nos que visitam Mónaco e marca a diferença de outros lugares do mundo. Também a Marina de Monte Carlo é uma exibição única dos mais luxuosos iates do mundo que se podem observar das janelas dos magníficos hotéis de luxo, do maior classicismo, sempre frequentados por figuras históricas de toda a Europa. É o caso do Hotel de Paris, do Hermitage e do Metropole e muitos mais com características fabulosas, verdadeiras preciosidades da hotelaria de luxo em torno do mais belo Casino que se conhece, o mais famoso e tradicional da Europa, assim como a belíssima Ópera do mesmo arquitecto da Ópera de Paris. Não poderá deixar de se visitar o Museu Oceanográfico, e os belíssimos jardins botânicos. Vale a pena relembrar a importante tradição oceanográfica do Príncipe Albert I e do Rei D. Carlos de Portugal, ambos grandes oceanógrafos e fundadores dos Museus Oceanográficos em Mónaco e em Lisboa. O Príncipe Alberto I, de viagem no seu iate Hirondelle esteve em Cascais em visita ao Rei D. Carlos e este pintou uma aguarela do iate. O meu marido no seu gosto pelas pinturas de aguarelas, também fez uma aguarela do Hirondelle. A mesma foi oferecida por Patrik Monteiro de Barros ao Príncipe Albert II.
Por condições atractivas da economia do Principado, assiste-se aí à instalação de famílias poderosas de todo o mundo, de enorme riqueza e daí os altos valores da imobiliária, bem como o alargado comércio de luxo que constituem um aspecto apelativo deste Principado. O movimento das ruas deixa observar essas pessoas elegantes e bem apresentadas que por sua vez dão trabalho a muitos emigrantes de diversas nacionalidades que mais modestamente também em Mónaco encontram uma qualidade de vida civilizada.As zonas circundantes de Mónaco, tanto francesas como italianas funcionam como uma interacção económica e turística. Nos mais belos e muito variados restaurantes, praias, hotéis, clubes e lojas são ouvidas muitas línguas de todo o mundo, faladas pelos milhares de turistas que constituem um valor para as industrias no turismo envolvidas. Em Mónaco há casas para alugar, bem como iates e as actividades culturais e sociais e desportivas e tudo isto imparável, apesar das crises que a Europa vive. Os padrões de uma economia com importante riqueza, continua visível.
Neste momento muitas obras estão em curso, com novos edifícios e com conquistas de espaços de construção ao mar para acrescentar novos investimentos no desenvolvimento do Principado. A Família Sereníssima de Mónaco tem um grande prestigio e constitui referência nos mais altos patamares sociais da realeza mundial. É sempre um gosto ir a Mónaco, desta vez fui em trabalho, não só na minha área profissional, como também nos contactos com interessantes galerias de arte com perfis diferenciados e de grande sucesso cosmopolita. Gostei de rever amigos de longa data, sentir a falta de outros que tomaram diferentes destinos e contactar ainda outros que abriram portas a projectos profissionais que a seu tempo terei o gosto de revelar. Outros locais de apelo ao turismo com equivalente potencial na nossa Europa, poderão inspirar-se na segurança, higiene, organização do espaço urbano e facilidade de transportes desta pequena/grande terra, onde dá gosto passear e passar umas pequenas férias. Bons exemplos.
Paula Bobone
Leia mais na Eles&Elas nº 300 – Nas bancas